LIBERTADORES - Arbitragem x Times Brasileiros

POR: Lucas Costa


Árbitro admite erros, mas nega esquema contra o Corinthians ...
A arbitragem de Carlos Amarilla no jogo entre Corinthians e Boca Juniors, em 2013, deu o que falar

Não é de hoje que times brasileiros reclamam de arbitragens tendenciosas em partidas da Libertadores da América. De 2005 a 2013, pelo menos um time do país disputou a final (em 2005 e 2006, o São Paulo enfrentou adversários conterrâneos na decisão: Athletico-PR e Internacional). Nesse tempo, foram seis títulos conquistados. (Inter 2006 e 2010, Santos em 2011, Corinthians em 2012 e Atlético-MG em 2013). Desde 2000 até 2013, só em duas oportunidades não tivemos brasileiros na final. Mas a reclamação começou em 2001, na semifinal entre Boca Juniors e Palmeiras, que reeditaram o encontro na decisão do último ano, vencida pelos argentinos.


15 anos depois, Roth revela comentário de juiz que 'garfou ...
Arce é consolado por Galeano: Palmeiras teve pênalti claríssimo não marcado, e o Boca Juniors foi beneficiado com a marcação de um pênalti totalmente inexistente.

A arbitragem do paraguaio Ubaldo Aquino é contestada por torcedores palmeirenses até hoje. A partida terminou empatada em 2 a 2 no tempo normal, e os Xeneizes venceram nos pênaltis, assim como na final do ano anterior. Mas a reclamação é por conta, justamente, de pênaltis. Um, legítimo, a favor do Palmeiras em cima de Fernando, mas que foi ignorado por Aquino. Ele ainda deu um pênalti totalmente inexistente a favor dos argentinos.

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Carlos Amarilla é odiado por corintianos até hoje

Então atual campeão da Libertadores e do mundo, o Corinthians entrava em campo para enfrentar o Boca Juniors nas oitavas de final do torneio, em 2013, reeditando a final do ano anterior. Na Bombonera, nada de mais "grave" em relação ao trio de arbitragem e vitória dos argentinos por 1 a 0. Na volta, com o Pacaembu abarrotado pela Fiel Torcida, o alvinegro precisava vencer por dois gols de diferença para eliminar os Xeneizes. Vitória pelo mesmo placar levaria a decisão para os pênaltis. Mas aí, Carlos Amarilla entrou em ação. O árbitro paraguaio, que apitou a primeira partida da final em 2011, entre Santos e Peñarol, no Uruguai, começou anulando um gol legítimo de Romarinho, marcando impedimento que sequer existiu. Depois, um pênalti pra lá de escandaloso, quando o zagueiro Marin colocou a mão na bola e a tirou de Emerson Sheik. O herói da final de 2012 ainda foi punido com cartão amarelo. A partida seguiu, e Riquelme fez um gol digno de prêmio Puskás, encobrindo o goleiro Cássio. Na segunda etapa, Paulinho marcou o gol de empate do time brasileiro, mas Amarilla voltou a entrar em ação: ele anulou outro gol de Paulinho, marcando uma suposta falta do camisa 8 em cima do zagueiro do Boca, além de outro pênalti não marcado. O Timão foi eliminado, mas a ira da torcida foi direcionada contra o árbitro paraguaio. E pra piorar o filme dele, foi divulgada em 2015 uma gravação atribuída ao ex-presidente da AFA (Associação de Futebol Argentino), Julio Grondona, hoje falecido. A gravação indicava que Amarilla foi escolhido a dedo pela federação argentina.


Conexão Gontijo » As idéias de Hector Baldassi » Arquivo
Emerson Leão vai pra cima de Héctor Baldassi: árbitro argentino aprontou contra brasileiros entre 2007 e 2008, e o Santos foi uma das vítimas

Hoje tricampeão da Libertadores, o Santos também foi vítima de arbitragens tendenciosas. Em 2008, o Peixe era comandado por Emerson Leão e enfrentaria o América-MEX nas quartas de final, com o jogo de ida no Estádio Azteca, onde Leão esteve com a seleção brasileira de 1970, que conquistou o tricampeonato mundial. Em campo, o time da Vila Belmiro não jogou tão bem, sentindo a altitude, e o paraguaio Salvador Cabañas (ele mesmo) se aproveitou, marcou dois gols e garantiu a vitória da equipe mexicana. Mas um detalhe importante mudou essa partida: o atacante Kléber Pereira, destaque do Santos na ocasião, driblou o goleiro Ochoa (sim, aquele mesmo) e empurrou para o gol. Gol fora de casa! Não para Baldassi. O argentino anulou, de forma equivocada, o tento do time brasileiro. Na volta, o Santos venceu por 1 a 0, com gol do mesmo Kléber Pereira, mas reclamou de pênaltis não marcados pelo uruguaio Jorge Larrionda e acabou eliminado. Se o gol feito no México tivesse sido legitimado, a vitória na Vila seria o suficiente para avançar para as semifinais do torneio.

Jornalheiros: Arbitragem - Fluminense com Hector Baldassi
Washington sofre pênalti no Maracanã, e Baldassi não marca: custou o título ao Flu

Em sua primeira final de Libertadores, o Fluminense tinha tudo para terminar a competição com estilo. Após eliminar três campeões no mata-mata (Atlético Nacional, São Paulo e Boca Juniors), enfrentou a LDU na final, perdendo na ida por 4 a 2 na altitude de Quito. Na volta, venceu por 3 a 1 e levou a partida para a prorrogação, sendo derrotado nos pênaltis. Mas a história poderia ser diferente se Héctor Baldassi (ele mais uma vez) tivesse marcado um pênalti sobre o atacante Washington. O "Coração Valente" reclamou, mas de nada adiantou. Mais um time brasileiro adicionado à lista de Baldassi.


Fernando Vergara/AP
Hudson sofre pênalti, enquanto Armani defende a bola: São Paulo reclama até hoje de arbitragem

Em 2016, o São Paulo voltava a disputar uma semifinal da Libertadores após 10 anos. Perdeu a ida, no Morumbi, por 2 a 0 para o Atlético Nacional-COL com dois gols de Miguel Borja, que viria a jogar no Palmeiras no ano seguinte. No jogo da volta, realizado em Medellín, o argentino Calleri abriu o placar e deu esperança aos tricolores. Borja atacou novamente e empatou para os "Verdolagas", mas eis que entra em ação o árbitro chileno Patrício Polic. Ele deixou de marcar um pênalti claro sobre o volante Hudson. Na ida, o argentino Mauro Vigliano expulsou o zagueiro Maicon após um lance normal com Borja, em que o defensor colocou a mão no rosto do atacante, que simulou ter sido agredido. O pênalti não marcado por Poic freou uma reação são paulina, e despertou a ira do técnico Edgardo Bauza e do banco de reservas. O volante Wesley e o zagueiro Lugano (sempre envolvido em confusões) foram expulsos por reclamarem de forma mais agressiva. Na final, o time colombiano foi campeão após bater o Independiente Del Valle.


Reprodução/TV Globo
Mão na bola de Borré foi ignorada pelo árbitro de Grêmio x River Plate, em 2018

O Grêmio era franco favorito a conquistar mais um título de Libertadores. Após ter conquistado o tricampeonato em 2017, o Tricolor Gaúcho era favorito contra o River Plate na semifinal. No Monumental, vitória por 1 a 0 com gol de Michel. Na volta, em Porto Alegre, saiu na frente com um gol de Leonardo. No segundo tempo, Borré empatou, mas de forma polêmica, desviando a bola com o braço. O VAR sequer foi acionado. Em seguida, o árbitro uruguaio Andrés Cunha usou o recurso de vídeo para assinalar um pênalti a favor dos Millonarios, que venceram a partida por 2 a 1 e avançaram para a final, onde superaram o arquirrival Boca Juniors. E só pra constar: o técnico Marcelo Gallardo, que nem deveria estar na Arena do Grêmio, quebrou a regra e foi ao vestiário do time no intervalo.

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