ATLÉTICO MINEIRO - Um adeus precoce

POR: Lucas Costa

O anúncio na Cidade do Galo pegou todos de surpresa: o volante Adílson fez um pronunciamento aos jornalistas, onde anunciou a sua aposentadoria precoce do futebol, aos 32 anos. O motivo é um problema cardíaco, chamado de cardiopatia hipertrófica. O mesmo problema que matou o zagueiro Serginho, do São Caetano, em 2004, durante um jogo contra o São Paulo no Morumbi. Médico do Atlético-MG e da Seleção Brasileira, Rodrigo Lasmar e o cardiologista do clube, Haroldo Aleixo, explicaram, publicamente, a situação.


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Revelado no Grêmio, volante Adílson se aposenta aos 32 anos de idade por problemas no coração

O problema foi diagnosticado durante a intertemporada, enquanto o Campeonato Brasileiro estava pausado para a disputa da Copa América. A decisão do corpo médico do clube foi unânime: para evitar uma nova tragédia, como a de Serginho e a do húngaro Miklós Fehér (que também morreu em 2004, pelo mesmo problema, jogando pelo Benfica), a carreira de Adilson estaria encerrada.

- Fizemos uma avaliação agora no meio do ano, na intertemporada, que caracterizou e identificou uma cardiomiopatia, uma doença cardíaca que o impede de seguir como atleta profissional de futebol. Isso foi estabelecido agora. A partir do momento em que se estabeleceu, nosso primeiro cuidado foi discutir com o médico pessoal do atleta e com uma terceira pessoa, um terceiro profissional, para ouvir a opinião, discutir sobre o diagnóstico e a conduta que deveria ser tomada. Houve uma unanimidade sobre a conduta, que decidiu por abreviar, do ponto de vista da continuidade, a carreira do Adilson como atleta de futebol - anunciou Haroldo Aleixo, cardiologista do Galo.

Serginho São Caetano x São Paulo 2004 (Foto: Agência Estado)
Serginho é retirado de campo naquele fatídico 27 de outubro de 2004

Talvez o caso de maior repercussão sobre a morte de um jogador de futebol com cardiomiopatia hipertrófica tenha sido o de Marc-Vivien Foé. Em 2003, ele disputava a semifinal da Copa das Confederações contra a Colômbia, defendendo a seleção de Camarões. Com duas Copas do Mundo no currículo (1994 e 2002) e passagens por times como Lyon, West Ham e Manchester City, o volante caiu inconsciente aos 30 minutos do segundo tempo e foi retirado de maca, imediatamente. Por 45 minutos, os médicos fizeram de tudo para reanimá-lo, mas sem sucesso. 

Emocionado, Adílson falou com os jornalistas. Veja, abaixo, a declaração do agora ex-jogador:

"Eu vim aqui só agradecer todo o apoio, todo o suporte do departamento médico do Atlético, diretoria e presidente, que não estava no Brasil, mas fez questão de me ligar e me dar todo o apoio. Agradecer à rapaziada que está aqui (os jogadores acompanharam a coletiva de perto), todos que estão aqui. É isso que me fortalece. Já que estou nessa condição, é isso que eu gostaria de receber, então realmente agradeço a todos por tudo que vocês têm feito, não só por esse momento, por tudo que passamos nos últimos anos. A relação comigo foi sempre de muito respeito e muito apoio, inclusive do clube, no momento da minha chegada, da minha renovação ano passado, quando escolhi permanecer no Atlético, de coração. Tenho recebido uma série de mensagens nas últimas horas. Não pude ainda responder ninguém, esperei o pronunciamento oficial. Eu queria dizer, antes de tudo, que estou bem. Queria tranquilizar todos. Estou bem, não tive nenhuma reação física nesse processo todo. Sempre estive muito bem, vinha treinando, me preparando para o clássico. A vida vai seguir, eu vou seguir aqui no dia a dia do clube, o clube já tem manifestado interesse que eu permaneça aqui no dia a dia, colaborando da melhor maneira possível. Só tenho a agradecer, até então aqui tem sido tudo maravilhoso na minha vida pessoal e esportiva. Minha filha vai nascer dia 22. Tenho muitos motivos para seguir, ser feliz. Então, eu queria só fazer um pedido a todos vocês, principalmente da imprensa, que respeitassem esse momento que eu estou vivendo e tivessem todo o cuidado no momento de tratar dessa situação. Eu achei que ia ser mais fácil, que eu ia chegar aqui e ia ser mais fácil falar alguma coisa. Sei que minha família está sofrendo, todos estão sofrendo. Realmente peço que respeitem todo esse processo, como têm me respeitado até então, agradeço todo esse respeito que tiveram por mim. A vida vai seguir, com minha filha chegando, vou estar aqui junto dessa rapaziada, que tenho como irmãos. Acredito muito neles, eles ainda são a última chance que eu tenho de ganhar um troféu grande. Ainda tenho essa chance, acredito muito neles. Vou estar aqui nesse processo, ganhando ou perdendo, vou estar junto deles. A todos vocês, muito obrigado por tudo".

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Adílson foi revelado pelo Grêmio em 2007

Revelado pelo Grêmio, Adílson foi campeão gaúcho em 2007 e 2010, antes de se transferir para o Terek Grozny, da Rússia, em 2011, onde ficou até 2017, quando trocou o clube da região da Chechênia pelo Atlético-MG. Com a camisa do Galo, fez 99 jogos e marcou dois gols, sendo campeão mineiro em 2017. 

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