FUTEBOL BRASILEIRO - Um time que dá gosto de ver

POR: Lucas Costa

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Jorge Sampaoli vem dando o que falar no comando do Santos

Quando a temporada 2019 do futebol paulista teve início, muitos jornalistas e críticos apontaram o Santos como a "quarta força" do estado, por não ter contratado jogadores até aquele momento, e por ter perdido nomes que foram importantes no ano passado, como os atacantes Gabriel e Bruno Henrique, que foram para o Flamengo (Bruno chegou até a disputar o amistoso contra o Corinthians, em janeiro), e o lateral-esquerdo Dodô, emprestado pela Sampdoria ao Cruzeiro, já que o Peixe não exerceu a opção de compra do atleta, além da saída do técnico Cuca, responsável por tirar o alvinegro da zona de rebaixamento e classificá-lo para a Copa Sul-Americana, além de ter sido eliminado da última Libertadores no tapetão.


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Depois de 10 anos, Cuca voltou ao Santos e recuperou o futebol do time. Por problemas de saúde, deixou o clube
O mistério pairava: quem seria o novo treinador do Peixe? Muita gente falava em Vanderlei Luxemburgo, técnico com passagem vitoriosa pela Vila Belmiro, Roger Machado, Dunga (pasmem, até ele foi sugerido) e nomes de fora, como Guillermo Schelotto (Boca Juniors) e Ariel Holán (Independiente). Com este último, o clube chegou a negociar. Mas todo mundo foi pego de surpresa com o anúncio de um nome: Jorge Sampaoli. Técnico da Argentina na Copa do Mundo de 2018, na Rússia, ele estava sem trabalhar desde a eliminação dos Hermanos diante da França, nas oitavas de final da competição. No dia 16 de dezembro, cerca de quase 300 torcedores lotaram o terminal 2 do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, para receber o novo técnico.

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Sampaoli cumprimenta torcedores: argentino foi ovacionado em chegada ao Brasil
Tricampeão chileno de forma consecutiva com a Universidad de Chile (popularmente conhecida como "La U), campeão da Copa Sul-Americana em 2011, vice da Recopa em 2012 contra o próprio Santos, campeão da Copa América com o Chile em 2015 e com uma passagem muito boa pelo Sevilla, da Espanha, o "Dana White anão", como é chamado pelos torcedores santistas pela semelhança com o presidente do UFC, ainda disputou duas Copas do Mundo. Em 2014, treinando os chilenos, passou em segundo em um grupo que tinha Espanha e Holanda, eliminando "La Fúria" ainda na primeira fase. Nas oitavas de final, chegou muito perto de eliminar o Brasil, de Luiz Felipe Scolari (hoje no Palmeras), com uma bola no travessão chutada por Pinilla nos minutos finais da prorrogação. Nos pênaltis, a Seleção Brasileira levou a melhor. Na Copa da Rússia, treinando a Argentina, Sampaoli quase caiu na primeira fase, mas conseguiu passar na segunda posição do grupo, atrás da Croácia. Nas oitavas, queda diante da França, que viria a ser campeã.

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Uma cena que virou rotina: Sampaoli é ovacionado pela torcida do Santos

DESCRENÇA POR PARTE DA IMPRENSA

Não foram poucos jornalistas esportivos que viram a chegada de Jorge Sampaoli ao Brasil como uma perda de tempo. Muitos acharam que ele não duraria muito no cargo, visto o retrospecto de outros técnicos estrangeiros no futebol brasileiro, como Diego Aguirre, Ricardo Gareca, Löthar Matthäus, Juan Ramón Carrasco, Miguel Ángel Portugal, Paulo Bento, Juan Carlos Osório, Edgardo Bauza, entre outros. Aos poucos, o Santos foi se acertando e contratando reforços. O primeiro deles foi o venezuelano Yeferson Soteldo, que defendeu a Universidad de Chile no ano passado e disputou a Libertadores da América, chegando até a enfrentar o Vasco e o Cruzeiro. Depois, outros nomes foram sendo anunciados, como o goleiro Éverson, o zagueiro colombiano Felipe Aguilar, dentre outros.

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Quarta força? Ataque do Santos é o segundo melhor do futebol brasileiro em 2019, perdendo apenas do Grêmio
O primeiro teste foi um amistoso contra o Corinthians, fora de casa. Ainda sem nenhum reforço, empate em 1 a 1, mas com um jeito muito diferente de jogar. Com mais posse de bola, atacando o adversário quando está sem ela. A primeira partida oficial foi na Vila Belmiro. Vitória sobre a Ferroviária por 1 a 0, gol de Jean Mota. Guarde bem esse nome, torcedor.

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Muito criticado nos 2 últimos anos, Jean Mota dá a volta por cima com Sampaoli e cai nas graças da torcida
Contratado junto ao Fortaleza em 2016, o meia chegou tímido, era reserva do time vice-campeão brasileiro comandado por Dorival Júnior. Em 2017, a cada vez que entrava (com Dorival, Levir Culpi ou Elano), a fúria da torcida contra ele era nítida. Vaias a cada toque na bola, xingamentos e apelidos como "Jean Morte", além de pedidos pela saída do jogador. Com Cuca, não chegou nem a ser relacionado por muitas vezes. Ficou muito perto de ser negociado por empréstimo com o Bahia, mas o técnico vetou sua saída. Sob a batuta de Sampaoli, virou a referência, o maestro, o craque. Jean é o artilheiro do Campeonato Paulista, com 7 gols marcados, e o grande xodó da torcida, que fez até letras de funk para homenagear o camisa 41 do Peixe.

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Jogadores comemoram com a torcida no Pacaembu após gol de Luiz Felipe contra o São Paulo
A PRIMEIRA PROVA DE FOGO

O primeiro teste "pra valer" do Santos foi no clássico contra o São Paulo, que havia contratado grandes jogadores, como o atacante Pablo, artilheiro e campeão da Copa Sul-Americana pelo Atlético-PR, o meia Hernanes, vindo da China, dentre outros. O que se viu em campo foi um domínio absoluto do time santista, que chegou a ter 76% da posse de bola em determinado período do jogo. Vitória por 2 a 0, com gols de Luiz Felipe e do paraguaio Derlis González, que quase deixou o clube, mas foi reintegrado e é uma das referências do time.

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O paraguaio Derlis González é um dos artilheiros do Paulistão
Ainda teve o inesperado, o acidente de percurso, o ponto fora da curva, que foi a derrota sofrida diante do Ituano. Em diversas falhas individuais, o Santos foi goleado por 5 a 1 pelo time do interior, mas isso foi apenas um pequeno detalhe. Em seguida, goleada por 7 a 1 sobre o Altos, do Piauí, pela Copa do Brasil. Pela primeira partida na Copa Sul-Americana, empate em 0 a 0 contra o River Plate, do Uruguai, com um gol legítimo de Copete sendo mal anulado pela arbitragem.

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Carlos Sánchez: meia uruguaio virou maestro do time
Ainda no ano passado, Carlos Sánchez chegou ao Santos vindo do Monterrey-MEX, após recusar uma oferta superior do Palmeiras. Rapidamente engrenou, tornando-se um dos xodós da torcida e o maestro do meio-campo. Com gols, assistências e com a velha raça uruguaia, "Pato" Sánchez se tornou peça crucial no esquema de jogo de Jorge Sampaoli. Campeão da Libertadores pelo River Plate e figura constante nas convocações da seleção uruguaia, o meia é um dos destaques do time no ano.


NÚMEROS DO TIME EM 2019:

9 jogos disputados. 
7 vitórias (77.78%)
1 empate (11.11%)
1 derrota (11.11%)
81,48% de aproveitamento

23 gols marcados, 7 sofridos.
Saldo de +16
6 "Clean Sheets" (jogos sem tomar gol)

Artilharia:

Jean Mota (7)
Derlis Gonzalez (4)
Carlos Sánchez (4)
Yeferson Soteldo (2)
Luiz Felipe (2)
Diego Pituca (1)
Alison (1)
Rodrygo (1)

Mais assistências:

Jean Mota, Alison e Derlis Gonzalez (3)
Victor Ferraz (2)

Mais participações diretas em gols (gols + assistências)

Jean Mota (10)
Derlis Gonzalez (7)
Carlos Sánchez (5)
Alison (4)

Números gerais - destaques individuais:

+ passes realizados - Gustavo Henrique (678)
+ chances criadas - Jean Mota (25)
+ dribles completados - Derlis Gonzalez (23)
+ desarmes - Alison (14)
+ interceptações - Alison (17)
+ cortes importantes - Gustavo Henrique (32)
+ disputas aéreas ganhas - Gustavo Henrique (26)
+ faltas sofridas - Carlos Sánchez (27)
+ defesas - Vanderlei (12)
Jogos sem sofrer gol - Vanderlei (5) e Éverson (1)

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